quarta-feira, 13 de agosto de 2014

POLÍTICA BRASILEIRA SENTIRÁ AUSÊNCIA DE CAMPOS NAS PRÓXIMAS DÉCADAS

G1
GERSON CAMAROTTI*
“É muito raro na política brasileira a renovação e o surgimento de novas lideranças.
Nos últimos anos, Eduardo Campos tinha conseguido furar essa barreira.
E, apesar de muito jovem, transformou-se num protagonista do poder.
Uma de suas principais marcas na vida pública era a ousadia. Foi essa característica que fez com que ele, em 2006, partisse para uma eleição de risco ao governo de Pernambuco.
Começou em terceiro lugar nas pesquisas e foi eleito governador do Estado, sendo reeleito com a maior votação proporcional do país.
Foi essa mesma ousadia que fez com que Campos deixasse o apoio ao governo Dilma Rousseff no ano passado para se lançar candidato ao Palácio do Planalto.
Eduardo Campos também era um destemido na política.
Sofreu pressão e ameaças do PT para não sair da base aliada.
Até o último momento, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentava evitar esse rompimento.
Até então, Lula trabalhava com o cenário de apoiar uma candidatura presidencial de Eduardo Campos, mas apenas em 2018.
Lula perdeu todas as esperanças quando a ex-senadora Marina Silva filiou-se ao PSB para ser candidata a vice, depois que não conseguiu o registro do partido Rede Sustentabilidade no Tribunal Superior Eleitoral.
Em conversas reservadas, Lula considerava Eduardo Campos um dos melhores nomes surgidos na política recentemente.
E apesar do distanciamento dos últimos meses, manteve a amizade com o ex-governador.
Conversei hoje com vários políticos.
E o consenso entre aliados e adversários é que Eduardo Campos foi um dos mais talentosos políticos de sua geração.
Nessa eleição, se apresentava como o candidato da renovação, numa tentativa de quebrar a polarização brasileira dos últimos 20 anos entre PT e PSDB.
Independente do resultado eleitoral, ele terminaria o ano como um dos principais atores da política brasileira.
Até mesmo por morrer muito jovem, não deixou um sucessor natural na vida pública.
Por tudo isso, a política brasileira sentirá a ausência de Campos nas próximas décadas.”
(G1/Gerson Camarotti) 

*Gerson Camarotti é comentarista político da GloboNews e repórter especial do Jornal das Dez. 
Pernambucano e torcedor do Náutico desde 1973.
Jornalista formado pela Unicap com pós-graduação em ciência política pela UnB, está em Brasília desde 1996, onde passou pelas sucursais das revistas "Veja" e "Época", e pelos jornais "O Globo", "O Estado de S.Paulo" e "Correio Braziliense".
Em 2013, foi enviado a Roma pela GloboNews para cobrir o conclave.
Fez a primeira entrevista exclusiva do Papa Francisco.
É coautor do livro "Memorial do Escândalo" (2005) e autor de “Segredos do Conclave” (2013).

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