O ministro dos Transportes, Renan Filho, afirmou nesta terça-feira (29/07) que o governo pretende eliminar a exigência de aulas em autoescolas para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Em entrevista à GloboNews, ele destacou
que o custo elevado — entre R$ 3 mil e R$ 4 mil — tem levado milhões de
brasileiros a dirigir sem habilitação.
“Qual o problema do Brasil? É que a
gente tem uma quantidade muito grande de pessoas dirigindo sem carteira porque
ficou impeditivo tirar uma carteira no Brasil. Entre R$ 3 mil e R$ 4 mil. O
cidadão não aguenta pagar isso”, afirmou o ministro.
“Quando o custo de um documento é
impeditivo, o que que acontece? A informalização. As pessoas dirigem sem
carteira. E esse é o pior dos mundos porque o nível da qualificação. (...) Isso
aumenta o risco para ela, aumenta o risco de acidentes.”
Segundo o ministro, o governo estuda
formas de reduzir ao máximo o custo da CNH, permitindo que mais pessoas possam
se qualificar e obter o documento.
Renan Filho afirmou que cerca de 20
milhões de brasileiros dirigem sem habilitação atualmente, e outros 60 milhões
têm idade para obter a CNH, mas ainda não possuem o documento.
“A pesquisa que fizemos apontou o
custo como o principal motivo”, disse.
COMO FICA O RISCO DE ACIDENTES?
Ao ser questionado sobre o risco de
acidentes com a flexibilização da exigência, o ministro afirmou que os cursos
continuarão disponíveis, ministrados por instrutores qualificados e
supervisionados pela Senatran e pelos Detrans.
“O grande problema é que as pessoas
já dirigem sem carteira. (...) E se você for olhar, por exemplo, as pessoas que
compram moto, 40% delas, quando a gente faz um cruzamento entre o CPF de quem
comprou e se ele tem ou não habilitação, não possuem habilitação”,
disse.
“Se as pessoas dirigem sem curso
algum, a gente está propondo garantir cursos para que as pessoas melhorem,
tenham mais qualificação na hora de dirigir.”
Renan Filho também destacou as
desigualdades sociais no acesso à CNH, afirmando que, em muitos casos, as
mulheres são excluídas do processo de habilitação.
“Se a família tem dinheiro para
tirar só uma carteira, muitas vezes escolhe tirar a do homem. A mulher fica
inabilitada justamente por essa condição.”
MÁFIAS DAS AUTOESCOLAS
Renan Filho também criticou o modelo
atual, que, segundo ele, favorece a atuação de máfias em autoescolas e nos
exames.
“É tão caro que não basta a pessoa
pagar uma vez o preço alto. Quem pode pagar, muitas vezes, é levado a ser
reprovado para ter que pagar de novo”, afirmou.
“O que que acaba com isso?
Desburocratizar, baratear, facilitar a vida do cidadão tira o incentivo
econômico para criação dessas máfias.”
Segundo o ministro, o Brasil emite entre 3
e 4 milhões de CNHs por ano. Com os preços atuais, isso representa um gasto
anual entre R$ 9 bilhões e R$ 16 bilhões para a população.
“Se isso for barateado, esse
dinheiro vai para outros setores da economia, (...) que geram empregos
competindo internacionalmente. Isso ajuda a economia brasileira a se dinamizar.”
COMO COLOCAR EM VIGOR?
“Não precisa passar pelo Congresso
essa parte da modificação. Construímos um projeto que pode funcionar a partir
daquilo que o próprio governo pode fazer. Não vamos mexer em leis profundamente.”
Para Renan Filho, a proposta configura
apenas uma mudança regulatória.
“A gente acredita que a gente pode,
por meio da regulamentação das normas, facilitar, desburocratizar para o
cidadão, que o que certamente facilita o debate político.”
O ministro também afirmou que a medida
deve incentivar a formação de trabalhadores, permitindo o acesso antecipado a
vagas que exigem carteiras de habilitação profissional.
“Condutores de ônibus, de caminhões,
de vans de transporte, essas pessoas precisam ter uma carteira que não é essa
que a gente está discutindo. A gente está discutindo a carteira A e B. (...) E,
se as pessoas tiverem mais cedo, elas vão ter condição de acessar com mais
facilidade o mercado de trabalho, é, de garantir melhoria na sua própria vida.”
(Por g1)
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