O influenciador paraibano Hytalo Santos e o marido dele, Israel Nata Vicente, foram presos preventivamente nesta sexta-feira (15/09) em uma casa em Carapicuíba, na Grande São Paulo.
Hytalo é investigado pelo Ministério
Público da Paraíba (MP-PB) e Ministério Público do Trabalho (MPT) por
exploração e exposição de menores de idade em conteúdos produzidos para as
redes sociais.
O caso ganhou repercussão após denúncias
do youtuber Felca sobre casos de "adultização" de crianças e
adolescentes.
Desde o dia 6, quando Felca, que tem mais
de 4 milhões de inscritos no YouTube, citou em um vídeo a atuação de Hytalo na
criação desse tipo de conteúdo com menores, o influenciador foi alvo de medidas
da Justiça da Paraíba.
As medidas incluem uma ação civil pública
do MP-PB e mandados de busca e apreensão.
Procurado, o advogado Sean Abib, que faz a
defesa deles, disse que iria "tomar conhecimento" da decisão
judicial.
E que vai ingressar com habeas corpus para
liberar o influenciador, assim que tiver acesso aos motivos da decisão
judicial.
“Reafirmamos a inocência de Hytalo
Santos, que sempre se colocou à disposição das autoridades. A defesa permanece
acompanhando o caso de forma atenta e responsável, confiando no devido processo
legal e na sensatez do Poder Judiciário”, disseram os advogados.
OPERAÇÃO POLICIAL
A prisão deles envolveu o MP-PB em atuação
conjunta com o MPT, a Polícia Civil da Paraíba e de São Paulo e a Polícia
Rodoviária Federal da Paraíba.
As ordens de prisão foram expedidas pelo
juiz Antônio Rudimacy Firmino de Sousa da 2ª Vara da Comarca de Bayeux, na
Paraíba.
Em sua decisão, o magistrado disse que
"há fortes indícios" de tráfico de pessoas, exploração sexual e
trabalho infantil artístico irregular, produção de vídeos com divulgação em
redes sociais e constrangimento de crianças e adolescentes, entre outros
crimes.
Ele argumentou ainda que a prisão procura
"impedir novos atos de destruição ou ocultação de provas, bem como
evitar a intimidação de testemunhas", acrescentando que essas
“situações que já vêm ocorrendo desde que os investigados tomaram conhecimento
da existência da investigação em seu desfavor".
O juiz ressaltou que os dois "já
destruíram elementos de prova; já removeram tudo aquilo que seria apreendido;
já turbaram a investigação criminal, e tais situações estão claras nos autos".
O magistrado reiterou que as condutas
deles "revelam uma ação coordenada para comprometer o curso regular das
investigações, dificultar o esclarecimento da verdade e prejudicar a eficácia
do trabalho investigativo conduzido por este grupo especial".
E prosseguiu: "Os representados
têm adotado condutas reiteradas para dificultar o esclarecimento da verdade,
valendo-se de práticas ilícitas como a tentativa de destruição de documentos e
aparelhos eletrônicos, esvaziando às pressas residência, ocultando valores e
veículos utilizados".
Essas condutas evidenciam a necessidade de
medidas extremas para assegurar a integridade das provas e a regularidade do
procedimento investigativo.
MEDIDAS JUDICIAIS CONTRA O
INFLUENCIADOR
Suspensão das redes sociais e
desmonetização de conteúdo
A Justiça da Paraíba mandou bloquear o
acesso de Hytalo às redes sociais dele na terça-feira (12).
A promotora do MPPB Ana Maria França
solicitou também que os vídeos do influenciador que já estão no ar em diversas
redes sociais sejam desmonetizados, ou seja, não possam dar retorno financeiro
para o influenciador, e a Justiça também acatou esse pedido.
Proibição de manter contato com as
vítimas
A decisão da terça também proibiu o
influenciador de ter contato com os adolescentes citados nos processos que o
investiga pela exposição dos menores em vídeos com conteúdo sexual.
A decisão é em caráter provisório.
Apreensão de celulares e computador
A Justiça da Paraíba apreendeu um
computador e aparelhos celulares na casa do influenciador em João Pessoa nesta
quinta-feira (14), segundo informações do juiz Antônio Rudimacy Firmino.
Desta vez, os policiais conseguiram
acessar o interior do imóvel e tinham autorização para arrombar as portas, em
caso de resistência e necessidade.
Na quarta-feira (13), um mandado de busca
foi cumprido nesse mesmo endereço, mas encontraram o imóvel fechado, sem
ninguém.
O QUE DIZ A DEFESA
De acordo com a defesa do influenciador,
ele "não tinha conhecimento da execução de mandado de busca e apreensão
em uma das suas residências, até mesmo por tratar-se de medida judicial
sigilosa".
Ainda de acordo com a defesa, já foi feito
contato com a Justiça, e o influenciador está à disposição para esclarecer o
caso e nega todas as acusações.
“[Hytalo] reitera que jamais compactuou
com qualquer ato atentatório à dignidade de crianças e adolescentes e que tudo
restará definitivamente provado no curso da investigação e perante o público
que nele confia e o acompanha nas redes sociais”, afirma.
APURAÇÃO DO MP É ANTERIOR A VÍDEO
DE FELCA
A investigação do MPPB começou em 2024.
O caso é dividido em duas promotorias, a
de Bayeux e a de João Pessoa:
Bayeux: a investigação é da promotora Ana
Maria França.
A apuração começou no fim de 2024 após
denúncias de vizinhos do condomínio de Hytalo de que adolescentes faziam
topless e participavam de festas com bebida alcoólica.
João Pessoa: o responsável pela condução
dos trabalhos é o promotor João Arlindo, que disse ao g1 que investiga a
possibilidade de um esquema feito pelo influenciador para obter a emancipação
desses menores de idade em troca de presentes, como celulares, para os
familiares deles.
Segundo o promotor, o relatório do
inquérito vai ser finalizado na próxima semana.
Em ambos os processos, Hytalo foi ouvido e
negou as acusações. Os adolescentes foram ouvidos somente no processo de João
Pessoa, que começou primeiro, para que não fossem revitimizados.
Emancipação é o ato que concede a
um menor de idade,
entre 16 e 18 anos, a capacidade civil plena, permitindo que ele pratique todos
os atos da vida civil como se fosse maior de idade, por exemplo, assinar
contratos, comprar e vender bens, entre outros.
INVESTIGAÇÃO DO MPT
Hytalo também é investigado pelo
Ministério Público do Trabalho (MPT).
A informação foi divulgada na noite desta
terça-feira em um vídeo no qual o procurador Flávio Gondim trouxe detalhes
sobre a investigação.
O procurador detalhou que as investigações
analisaram mais de 50 vídeos publicados nas redes sociais do influenciador e
foram colhidos mais de 15 depoimentos de pessoas envolvidas na produção desses
conteúdos.
"Foram analisados, de maneira
muito criteriosa, mais de 50 conteúdos, 50 vídeos veiculados nas diversas redes
sociais mantidas por Hytalo Santos. Foram colhidos mais de 15 depoimentos de
pessoas vinculadas ao projeto de produção de conteúdo digital, incluindo
pessoas que trabalharam para ele em diversos momentos. Foram analisados
diversos documentos.", disse Gondim.
RESUMO DAS MEDIDAS JUDICIAIS CONTRA
HYTALO
PRISÃO: juiz decreta prisão dele e do
marido para evitar destruição de provas
BUSCA E APREENSÃO: mandado cumprido na
quarta-feira em um condomínio de luxo, onde o influenciador mora, no bairro do
Portal do Sol, pela promotoria de João Pessoa; não houve apreensão, pois a casa
estava fechada;
BLOQUEIO DE REDES SOCIAIS: decisão da
Justiça que bloqueou o acesso às redes sociais do influenciador;
PROIBIÇÃO DE CONTATO COM AS VÍTIMAS:
Hytalo não pode ter contato com os adolescentes citados no processo;
DESMONETIZAÇÃO: ele não pode receber
dinheiro por conteúdos publicados nas redes sociais;
PEDIDO SOBRE EMPRESA: pedido, em conjunto
do Ministério Público da Paraíba (MPPB), Ministério Público do Trabalho (MPT) e
a Polícia Civil, para que a Loteria do Estado da Paraíba (Lotep) suspenda a
empresa de rifas e sorteios ligada ao influenciador por uso irregular de
imagens de menores de idade em conteúdos digitais veiculados para promover a
empresa.
A Lotep disse que o influenciador atuou
apenas como divulgador contratado pela empresa FM Agenciamento Publicitário
& Intermediação de Negócios;
SEGUNDO PEDIDO DE BUSCA E APREENSÃO: nesta
quinta-feira, a Justiça da Paraíba autorizou novas buscas e apreensões em
endereços ligados a Hytalo.
Desta vez, a autorização estava
relacionada à ação da promotoria de Bayeux.
Foram apreendidos um computador e
aparelhos celulares.
(do g1 PB)
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