segunda-feira, 20 de julho de 2020

ESTUDO SUGERE QUE VACINA DE OXFORD CONTRA CORONAVÍRUS É SEGURA E EFICAZ

A vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, é segura e capaz de desenvolver anticorpos contra o novo coronavírus.
É o que mostram os primeiros resultados do ensaio envolvendo 1.077 pessoas divulgados hoje (20/07) na renomada revista The Lancet.
De acordo com os dados, as pessoas que receberam a imunização – entre 23 de abril e 21 de maio, no Reino Unido – produziram  anticorpos e glóbulos brancos para combater o vírus.
A vacina não apresentou nenhum efeito colateral grave e provocou respostas imunes com anticorpos e células T.
A vacina é uma das mais promissoras para combater o novo coronavírus e está na terceira e última fase de estudos clínicos, quando é avaliada sua eficácia para imunizar seres humanos.
Essa etapa acontece simultaneamente no Reino Unido, no Brasil e na África do Sul – a vacina está sendo testada em 50 mil pessoas, incluindo 5.000 brasileiros (duas mil em São Paulo, duas mil na Bahia e mil no Rio de Janeiro).
RESULTADOS POSITIVOS NAS FASES 1 E 2
Os resultados da pesquisa divulgada pela Lancet se referem à primeira e à segunda fase dos estudos clínicos, quando foram analisadas, respectivamente, a segurança da vacina – como  possíveis efeitos colaterais – e  a capacidade de produzir uma reação do sistema imunológico.
"Esperamos que isso signifique que o sistema imunológico se lembre do vírus, para que nossa vacina proteja as pessoas por um período prolongado", disse o principal autor do estudo, Andrew Pollard, da Universidade de Oxford.
"No entanto, precisamos de mais pesquisas antes de confirmarmos que a vacina protege efetivamente contra a infecção por Sars-CoV-2 e por quanto tempo dura a proteção”, explicou.
EFEITOS COLATERAIS
O estudo aponta que o grupo que recebeu a vacina apresentou algumas reações locais e sistêmicas, como fadiga, dor muscular, febre e dor de cabeça – muitas  das quais reduzidas pelo uso de paracetamol –, mas não foi registrado nenhum "evento colateral sério".
Fadiga e dor de cabeça, respectivamente, apareceram em 71% e 68% dos voluntários que receberam a vacina sem paracetamol, sendo os efeitos colaterais mais comuns.
IMUNIZAÇÃO
Segundo o estudo, o pico da resposta entre os linfócitos T específicos para a proteína spike, que o coronavírus usa para agredir as células humanas, ocorreu no 14º dia após a aplicação da vacina.
Já o ápice da reação dos anticorpos IgG para a mesma proteína spike ocorreu no 28º dia e foi impulsionado por uma segunda dose, aplicada em 10 participantes.
O estudo, no entanto, não avaliou quanto tempo esses anticorpos podem durar, aspecto que está sendo analisado na terceira fase.
A vacina utiliza um adenovírus de chimpanzés para apresentar a proteína spike ao sistema imunológico.
Na última etapa dos estudos clínicos, os voluntários serão acompanhados por 12 meses, até junho do ano que vem.
No entanto, a multinacional AstraZeneca, responsável pela fabricação do medicamento em nível mundial, espera ter resultados confiáveis em setembro.
A empresa já iniciou a produção da vacina e planeja começar sua distribuição ainda em 2020, caso os resultados da terceira fase dos estudos clínicos sejam positivos.
"Se nossa vacina se mostrar eficaz, é uma opção promissora, já que este tipo de vacina pode ser fabricada facilmente em grande escala" comentou Sarah Gilbert, pesquisadora da Universidade de Oxford.
VELOCIDADE SURPREENDENTE
A vacina de Oxford está entre as principais candidatas na luta contra a covid-19, ao lado de outros em ensaios de estágio intermediário e final.
Outro imunizante em estágio avançado de teste é a da chinesa Sinovac Biotech.
A vacina chinesa chegou nesta segunda-feira (20) ao Brasil e deve entrar em fase de testes.
Normalmente, a vacina levaria 18 meses para ser aprovada, mas os cientistas estão confiantes de que conseguirão encurtar este período para 12 meses se os resultados forem positivos.
A redução de tempo foi possível também por se tratar de uma vacina emergencial.
De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), existem atualmente 163 substâncias candidatas a vacina contra a covid-19 em desenvolvimento em todo o mundo.
Também segundo a OMS, a de Oxford é a que se encontra em estágio mais avançado de testes.
OUTRA VACINA CHINESA
Um outro estudo, este chinês e que também saiu na Lancet hoje, também mostrou resultados seguros para os pacientes e produziu resposta imunológica.
Apoiado pela Cansino Biologics, provocou uma forte reação de anticorpos em outro ensaio na maioria de seus cerca de 500 participantes.
CANDIDATA DA PFIZER
As farmacêuticas Pfizer e BioNTech, que estudam uma vacina contra a covid-19, também anunciaram hoje resultados positivos nos estudos alemães da profilaxia.
De acordo com as farmacêuticas, foram verificadas respostas imunes "fortes" e em velocidade anterior ao prazo estimado das chamadas células T, consideradas fundamentais para protegerem um organismo do novo coronavírus.
A pesquisa não registrou efeitos colaterais graves em indivíduos que receberam a vacina.
Os eventos adversos mais agudos foram sintomas de gripe e reações no local da injeção.
Os avanços ainda precisam ser avaliados por pares para posterior publicação em revista científica.
(Uol com informações de Ansa, Reuters e Estadão Conteúdo)

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