quarta-feira, 25 de junho de 2025

CASO JULIANA MARINS: ESPECIALISTAS LISTAM ERROS ANTES E DEPOIS DO ACIDENTE EM VULCÃO NA INDONÉSIA

A morte da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, após cair de um penhasco no Monte Rinjani, na Indonésia, provocou comoção e levantou dúvidas sobre as condições de segurança em trilhas internacionais de alto risco.

Juliana desapareceu no sábado (21/06), após se separar do grupo de cinco turistas que subia a trilha juntos.
Seu corpo só foi localizado na terça-feira (24), a mais de 600 metros abaixo da trilha.
Especialistas em montanhismo, guias experientes e turistas que já estiveram no local apontam falhas graves que podem ter contribuído para a tragédia.
OS PRINCIPAIS PONTOS SOB QUESTIONAMENTO:
Falta de exigência de equipamentos de segurança
Segundo pessoas que já fizeram a trilha do Monte Rinjani, o local não exige que os turistas levem itens básicos de segurança e proteção, como cobertor térmico, casaco ou luvas.
Abandono na trilha
Pessoas que estiveram junto com Juliana na trilha contam que ela se sentiu cansada no segundo dia de subida e pediu para descansar.
Contudo, o guia seguiu com os demais e só retornou minutos depois, segundo informações da família da brasileira.
Especialistas alertam que em trilhas de alto risco, o grupo deve andar junto o tempo todo, sob supervisão visual direta do guia.
Falta de preparo de guias
Relatos de quem já esteve lá pontam que muitos guias andam descalços, sem proteção térmica adequada, levando pouca água e comida.
Essas informações levantam suspeita sobre a qualidade da formação dos guias locais.
Segundo especialistas, isso mostra um despreparo estrutural da atividade turística na região.
Terreno instável e clima extremo
O Monte Rinjani, com 3.721 metros de altitude, é conhecido por seus riscos.
Desde 2020, o Parque Nacional do Monte Rinjani registrou 190 acidentes, com 9 mortos e 180 feridos, incluindo 44 estrangeiros.
A trilha para chegar ao topo da montanha passa por áreas íngremes com areia solta, pedras grandes e encostas perigosas.
O clima muda rapidamente, com frio intenso, chuvas repentinas e baixa visibilidade.
Resgate lento e desorganizado
Embora um drone tenha localizado Juliana ainda no sábado, ela só foi alcançada por socorristas três depois.
Especialistas apontam que o tempo perdido pode ter sido crucial para sua sobrevivência.
Juliana chegou a ficar mais de 24 horas desaparecida no desfiladeiro.
As buscas só foram concluídas no 4º dia de operação.
Segundo relatos, um dos principais problemas enfrentados pelas equipes de resgate no primeiro dia de busca foi a falta de cordas com comprimento suficiente para alcançar o local onde ela estava.
Nesse momento, Juliana estava a cerca de 300 metros da trilha e a corda que a equipe levou para o local tinha metade desse tamanho.
A falha de planejamento se agrava, por conta da distância entre o ponto do resgate e a base da montanha, que era percorrida em cerca de 6 horas.
Informações desencontradas
Outro problema grave foi a confusão na divulgação de informações, o que deixava os familiares de Juliana mais desesperados.
Inicialmente, foi divulgado que Juliana havia recebido água e comida, mas a família e o embaixador brasileiro desmentiram a informação no dia seguinte.
A comunicação foi considerada confusa e pouco transparente por todos que acompanhavam à distância.
Uso tardio e limitado de tecnologia
Drones foram usados, inclusive com câmera térmica, mas a operação não conseguiu localizá-la com precisão a tempo.
Muitas pessoas no Brasil questionaram nas redes sociais a falta de efetividade no uso da tecnologia.
A situação levanta dúvidas sobre o preparo técnico das equipes locais de resgate.
Responsabilidade da agência contratada
Especialistas lembram que a empresa contratada por Juliana tinha responsabilidade civil sobre o acidente e deveria ter tomado providências rápidas, inclusive com suporte emergencial e acionamento de autoridades.
Obstáculos diplomáticos e logísticos
O pai de Juliana tentou viajar à Indonésia para acompanhar as buscas, mas enfrentou atrasos devido ao fechamento do espaço aéreo no Catar, por conta do conflito entre Israel, EUA e Irã.
O governo brasileiro prestou apoio, mas a distância dificultou a articulação rápida das ações para acelerar o resgate.
(Do g1)
Foto: Skyseeker/Flickr/Creative Commons

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