domingo, 23 de agosto de 2015

POLÍCIA FEDERAL PROCURA PREFEITA QUE “TORROU” DINHEIRO PÚBLICO; "EU COMPRO É O QUE EU QUISER. GASTO SIM COM O QUE EU QUERO. ‘TÔ’ NEM AÍ PRA O QUE ACHEM. BEIJINHO NO OMBRO PROS RECALCADOS", DIZ ACUSADA

G1 Maranhão
Três dias após ser iniciada a Operação Éden, da Polícia Federal (PF) no Maranhão, que investiga denúncias de desvios de verbas da educação no município de Bom Jardim – a 275 km de São Luís –, a prefeita da cidade Lidiane Leite (PP), de 25 anos, segue foragida.
A investigação foi iniciada após denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do Ministério Público do Maranhão e Ministério Público Federal (MPF).
Na quinta-feira (20/08), foram presos o ex-secretário de Agricultura, Antônio Gomes da Silva, conhecido como "Antônio Cesarino", e de Assuntos Políticos, Humberto Dantas dos Santos, conhecido como “Beto Rocha”, ex-namorado da prefeita.
Com o sumiço da prefeita, moradores da cidade estão sem saber quem está no comando do município, com 39.049 habitantes.
Na cidade, o clima é de incerteza.
Vereadores estão impedidos de realizar votação para afastar a prefeita do comando da cidade por causa de uma medida cautelar obtida por Lidiane na Justiça.
Ela já havia sido afastada três vezes do cargo: na primeira vez, em abril de 2014, pelo prazo de 30 dias após denúncias de improbidade administrativa, retornando ao cargo em 72 horas, depois de obter liminar na Justiça; na segunda, pelo período de 180 dias, em dezembro de 2014, com liminar suspensa pelo Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA) em 48 horas; e  terceira em maio de 2015, retornando em 72 horas.

Na prefeitura, o expediente é de 8h00 às 12h00, mas poucas pessoas foram encontradas no prédio nessa sexta-feira (21). Somente o secretário de Administração e Finanças, Dal Adler Castro, poderia responder pelo órgão, mas não quis falar com a imprensa.
Lidiane Leite está foragida desde quinta-feira, quando foi iniciada a Operação Éden, da PF, que investiga denúncias de desvios de verbas da educação no município de Bom Jardim.
Nessa sexta-feira, a PF reforçou a vigilância em aeroportos e rodoviárias do Maranhão a fim de capturar a prefeita.
A repercussão nacional do caso acelerou a operação.
A polícia investiga transferências de cerca de “1.000,00 reais” mil realizadas da conta da prefeitura para a conta pessoal de Lidiane que chegam a “40.000,00 reais” em um ano.
Também foram feitas transferências para o advogado da prefeitura, Danilo Mohana, que somam mais de “200.000,00 reais” em pouco mais de um ano.
Além da prefeita, secretários, ex-secretários e empresários também estão sendo investigados por causa de irregularidades encontradas em contratos firmados com "empresas-fantasmas". Houve duas licitações para reformar 13 escolas, pelas quais a Zabar Produções obteve R$ 1,3 milhão e a Ecolimp recebeu R$ 1,8 milhão.
Nenhuma das empresas foi encontrada.
Em 2013, a prefeitura firmou contrato com 16 agricultores para o fornecimento de merenda escolar nas escolas municipais, pelos quais cada agricultor receberia em média “18.000,00 reais” por ano.
Lidiane se tornou prefeita aos 22 anos, em 2012, depois que o namorado dela na época Beto Rocha, candidato a prefeito, teve a candidatura impugnada ao ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Ela assumiu o lugar dele e foi eleita.
Depois que assumiu o cargo, Lidiane passou a compartilhar fotos da nova rotina nas redes sociais.
Nos perfis pessoais, ela escreveu: "EU COMPRO É QUE EU QUISER. GASTO SIM COM O QUE EU QUERO. TÔ NEM AÍ PRA O QUE ACHEM. BEIJINHO NO OMBRO PROS RECALCADOS".
Em outro post, ela diz: "DEVIA ERA COMPRAR UM CARRO MAIS LUXUOSO PQ GRAÇAS A DEUS O DINHEIRO TA SOBRANDO".
A Justiça do Maranhão havia determinado o afastamento da prefeita pelo prazo de 180 dias em dezembro de 2014, com base no descumprimento da regularização das aulas e do fornecimento de merenda e de transporte escolar em Bom Jardim.
Na ação, o Ministério Público do Estado afirma que Lidiane havia apresentado informações falsas a respeito das irregularidades, mas as informações acabaram desmentidas por meio de denúncias dos próprios moradores da cidade.
A gestora também já havia sido citada pela Justiça por má conduta no início de 2014, quando foi deferida liminar, a pedido do MP-MA, para declarar a ilegalidade de decreto municipal que tornou nulas as nomeações dos excedentes do concurso público homologado em novembro de 2011.
(G1ma)

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