Um médico e uma enfermeira permanecerão afastados preventivamente de suas funções após a conclusão de uma investigação interna que apurou a morte do bebê e a retirada do útero de Maria Danielle Cristina Morais Sousa, segundo a Prefeitura de Campina Grande.
Nesta
quinta-feira (03/07), a morte da mulher, que enfrentou complicações de saúde
após o parto, completa 100 dias.
Em março, o marido de Maria Danielle
denunciou, nas redes sociais, que o bebê morreu na maternidade do Instituto de
Saúde Elpídio de Almeida, após a gestante receber um medicamento para induzir o
parto.
Segundo ele, a complicação também levou à
retirada do útero da gestante. Maria Danielle morreu na tarde do dia 25 de
março, após um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico.
De acordo com a prefeitura, a apuração
interna resultou em um relatório avaliado pelo departamento jurídico da
Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que emitiu parecer com recomendações sobre
os próximos encaminhamentos.
Ainda segundo a gestão municipal, foi
decidido manter o afastamento dos dois servidores enquanto as investigações
seguem em andamento.
O objetivo é garantir a lisura do processo
e preservar o ambiente de trabalho durante a apuração.
Na época em que Danielle perdeu o bebê e
teve o útero retirado, a gestão anunciou o afastamento dos profissionais que
atenderam a gestante.
O relatório e o parecer foram encaminhados
ao Ministério Público da Paraíba (MPPB).
Os documentos também foram enviados à
Procuradoria-Geral do Município, que vai analisar a necessidade de sanções
adicionais ou procedimentos a serem instaurados.
Inicialmente, a Secretaria Municipal de
Saúde de Campina Grande informou ao g1 que a sindicância foi finalizada, mas
não divulgaria o resultado porque estava aguardando a finalização da
investigação total pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB).
No entanto, em nota divulgada nesta
quinta-feira (03), informou sobre o afastamento dos profissionais.
A secretaria não divulgou detalhes
técnicos sobre o que foi constatado ou se outras medidas foram adotadas.
100 DIAS DA MORTE DE MARIA DANIELLE
Jorge Elô, marido de Maria Danielle,
mulher que morreu após perder o filho e o útero, um mês depois de ser atendida
no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Isea), em Campina Grande, disse ao g1
que não tem respostas formais sobre as investigações do caso, que completa 100
dias nesta quinta-feira (3).
Ouvido durante a própria investigação,
Jorge Elô revelou que tomou conhecimento apenas pela imprensa de que a
sindicância havia sido concluída. Ele explica que detalhes maiores sobre a
morte da mulher não foram informados a ele.
“Não houve contato direto comigo.
Hoje, completam-se 100 dias do falecimento da minha esposa e é frustrante
constatar que, mesmo diante da gravidade dos fatos e da relevância social
envolvida — considerando que ela era servidora pública municipal e uma das
assistentes sociais mais dedicadas da cidade —, ainda não há nenhuma posição
formal por parte da prefeitura. Essa demora, além de desrespeitosa, agrava
ainda mais a dor da minha família”, disse.
Sobre a dor que sente, Jorge Elô disse que
a revive todos os dias e que tinha uma vida planejada com a esposa, fazendo
planos para o filho que viria a nascer. Em duas oportunidades, as investigações
foram prorrogadas pela prefeitura.
“Perdi minha companheira, meu filho
recém-nascido e todo um projeto de vida construído com amor, carinho e
dedicação”, contou.
ENTENDA O CASO
O marido de Danielle denunciou nas redes
sociais que o filho morreu na maternidade do Isea após a mãe da criança receber
uma superdosagem de um medicamento para induzir o parto.
Segundo ele, a complicação também levou à
retirada do útero da gestante.
Segundo o pai da criança, Jorge Elô, a
mulher deu entrada na unidade hospitalar no dia 27 de fevereiro.
Na manhã do dia seguinte, exames indicaram
a viabilidade de um parto vaginal, e a equipe médica iniciou a indução com
comprimidos intravaginais.
Naquele momento, souberam que o mesmo
médico que realizava o pré-natal particular da gestante estaria de plantão.
Na madrugada do dia 1º de março, o médico
substituiu a medicação por uma intravenosa, intensificando as contrações.
Por volta das 6h do dia 1º de março,
segundo relato do pai, duas enfermeiras do hospital atenderam a mãe da criança.
Uma constatou que a cabeça do bebê já
estava coroada, enquanto a outra aumentou a dosagem da medicação sem, segundo
ele, consultar o médico.
Ainda de acordo com Jorge Elô, o trabalho
de parto parou de evoluir, e as profissionais teriam culpado Danielle por não
ter “colaborado”.
O pai relatou que, minutos depois, elas
teriam forçado a mulher a fazer força, mas ela desmaiou e estava sem pulso.
Nesse momento, a levaram às pressas para a cirurgia.
Em entrevista à rádio CBN João Pessoa, o
pai da criança afirmou que, após sua esposa ser levada para a sala de cesárea,
ficou sem notícias sobre o que estava acontecendo.
Quando finalmente entrou no local, viu a
equipe médica retirando o bebê já sem vida e segurando o útero da mãe.
(Do g1 PB)
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