terça-feira, 26 de agosto de 2025

SUSPEITOS DE MANTER EMPREGADA EM SITUAÇÃO SEMELHANTE À ESCRAVIDÃO DIZIAM QUE VÍTIMA 'NÃO SABIA LIDAR COM DINHEIRO'

Os patrões suspeitos de manter uma empregada doméstica em situação semelhante à escravidão em Itabuna, no sul da Bahia, diziam que a vítima "não sabia lidar com dinheiro".

A funcionária foi resgatada na segunda-feira (25/08), após trabalhar 50 anos sem receber salário e ter benefício social roubado.
Ninguém foi preso e os suspeitos não fecharam acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT).
"Além de não receber o salário, ela não ficava com o benefício, que era dela, sob alegação de que ela 'não sabia lidar com o dinheiro'. Essa alegação é muito frequente nesses casos, pois essas vítimas normalmente têm pouca escolaridade", explicou a auditora fiscal do trabalho, Liane Durão.
A vítima tem 64 anos e foi resgatada sem nenhum dente durante uma operação da Auditoria Fiscal do Trabalho com o Ministério Público do Trabalho e a Defensoria Pública da União.
Ela foi acolhida pelos auditores, passou por exames médicos e por atendimento psicológico.
Em relação ao benefício social, ele era fruto de um casamento formal que a vítima teve com um homem que já faleceu.
Os valores eram sacados e não repassados para a funcionária, mas não há detalhes do valor roubado pelos patrões.
Ao longo da vida, a vítima foi passada como uma espécie de "herança" entre as gerações da família.
Ela trabalhou para a matriarca da família e atualmente morava com a filha e a neta.
Segundo a auditora fiscal do trabalho, Liane Durão, a idosa está bastante debilitada e tem um ferimento na perna que dificulta a locomoção.
Após o resgate da empregada doméstica, foi determinado o registro formal do período de trabalho e o pagamento das verbas rescisórias e trabalhistas. Apesar disso, os suspeitos não fecharam acordo sobre o pagamento em audiência realizada com o MPT na segunda-feira (25).
Os patrões alegaram que vivem em condições modestas e têm dificuldades financeiras para arcar com as obrigações trabalhistas.
A ação continua em andamento e testemunhas foram ouvidas. 
Cada irregularidade encontrada na relação entre a vítima e os suspeitos, vai gerar um auto de infração.
Essas infrações serão julgadas pelo MPT e os suspeitos poderão pagar multas e ser incluídos na lista suja do órgão.
Segundo a auditora fiscal Liane Durão, o caso pode ter repercussões criminais.
(Por g1 BA)

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