Os patrões suspeitos de manter uma empregada doméstica em situação semelhante à escravidão em Itabuna, no sul da Bahia, diziam que a vítima "não sabia lidar com dinheiro".
A funcionária foi resgatada na
segunda-feira (25/08), após trabalhar 50 anos sem receber salário e ter
benefício social roubado.
Ninguém foi preso e os suspeitos não
fecharam acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT).
"Além de não receber o salário,
ela não ficava com o benefício, que era dela, sob alegação de que ela 'não
sabia lidar com o dinheiro'. Essa alegação é muito frequente nesses casos, pois
essas vítimas normalmente têm pouca escolaridade", explicou a
auditora fiscal do trabalho, Liane Durão.
A vítima tem 64 anos e foi resgatada sem
nenhum dente durante uma operação da Auditoria Fiscal do Trabalho com o
Ministério Público do Trabalho e a Defensoria Pública da União.
Ela foi acolhida pelos auditores, passou
por exames médicos e por atendimento psicológico.
Em relação ao benefício social, ele era
fruto de um casamento formal que a vítima teve com um homem que já faleceu.
Os valores eram sacados e não repassados
para a funcionária, mas não há detalhes do valor roubado pelos patrões.
Ao longo da vida, a vítima foi passada
como uma espécie de "herança" entre as gerações da família.
Ela trabalhou para a matriarca da família
e atualmente morava com a filha e a neta.
Segundo a auditora fiscal do trabalho,
Liane Durão, a idosa está bastante debilitada e tem um ferimento na perna que
dificulta a locomoção.
Após o resgate da empregada doméstica, foi
determinado o registro formal do período de trabalho e o pagamento das verbas
rescisórias e trabalhistas. Apesar disso, os suspeitos não fecharam acordo
sobre o pagamento em audiência realizada com o MPT na segunda-feira (25).
Os patrões alegaram que vivem em condições
modestas e têm dificuldades financeiras para arcar com as obrigações
trabalhistas.
A ação continua em andamento e testemunhas
foram ouvidas.
Cada irregularidade encontrada na relação entre a vítima e os
suspeitos, vai gerar um auto de infração.
Essas infrações serão julgadas pelo MPT e
os suspeitos poderão pagar multas e ser incluídos na lista suja do órgão.
Segundo a auditora fiscal Liane Durão, o
caso pode ter repercussões criminais.
(Por g1 BA)
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