*Operação prendeu 24 pessoas e bloqueou
cerca de “125 milhões de reais” da facção criminosa Comando Vermelho na Paraíba
O chefe do Comando Vermelho na Paraíba,
conhecido como “Fatoka”, e integrantes do grupo criminoso monitoravam
remotamente policiais e forças de segurança através de câmeras instaladas em
locais estratégicos na cidade de Cabedelo, no Litoral do estado.
Segundo as investigações, as câmeras eram
instaladas em postes, árvores e até em casas de moradores em Cabedelo.
Em relação às câmeras instaladas em
residências, a polícia informou que os residentes eram obrigados a aceitar a
instalação do equipamento mesmo a contra gosto.
O monitoramento acontecia para “antecipar”
ações da polícia em locais em que a facção criminosa tinha pessoas realizando
eventuais crimes.
Fatoka e outros integrantes da organização tinham acesso a
essas câmeras, remotamente, desde o Rio de Janeiro, e avisaram os suspeitos na
Paraíba sobre as ações.
Além disso, a facção usava as câmeras para
monitorar outras ações de grupos criminosos rivais e também antecipar eventuais
ações que surtiriam efeito negativo para a organização.
COMO FUNCIONAVAM OS NÚCLEOS DO
COMANDO VERMELHO NA PB
Conforme as investigações da Delegacia de
Repressão ao Crime Organizado (Draco), essa organização que foi alvo da polícia
é dividida em três núcleos: o de comando, lavagem de dinheiro e o setor que
praticava os crimes.
Conforme a Polícia Civil, a facção tem
ramificações principalmente em Cabedelo, Campina Grande e Bayeux e era uma
dissidência de uma outra facção criminosa conhecida no estado, chamada
"OKD", que teve as chefias "cooptadas" pelo Comando
Vermelho para atuar na Paraíba.
O NÚCLEO GERENCIAL ERA FORMADO POR
DUAS PESSOAS.
O chefe da organização criminosa, Flávio
de Lima Monteiro, mais conhecido como “Fatoka” e também a parente dele, Flávia
Santos Lima, identificada como "braço direito" do chefe da
organização.
Fatoka está foragido e não foi preso nessa
operação da polícia.
O setor de inteligência da Draco afirma
que o suspeito está escondido no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.
Ele se tornou foragido após romper uma
tornozeleira eletrônica em Alagoas, quando foi posto em liberdade pela Justiça.
A atuação de Flávia Santos, que está presa
em uma penitenciária da Paraíba, acontece principalmente em Cabedelo, na
ausência física de Fatoka no estado.
Ela é responsável por "assegurar a
execução das ordens de Fatoka e por inserir o grupo nas engrenagens políticas
locais, garantindo a influência e a proteção", de acordo com a
polícia.
Em 19 de novembro de 2024, Flávia foi
presa em uma operação que investigou a influência de grupos criminosos nas
eleições de Cabedelo.
Ela foi apontada pela Polícia Federal como
funcionária fantasma vinculada ao Fundo Municipal de Saúde de Cabedelo, sendo a
pessoa de confiança de Fatoka na cidade.
NÚCLEO DE LAVAGEM DE DINHEIRO
O núcleo é coordenado a partir do Rio de
Janeiro.
A ramificação utiliza empresas fantasmas e de fachada para movimentar
volumes financeiros milionários, sem lastro em capacidade econômica declarada.
A chefe do núcleo de lavagem de dinheiro é
Ariadna Thalia, conhecida como "Arroto de Urubu".
Ela ascendeu ao comando dessa parte do
grupo criminoso, de acordo com a polícia, pela morte anterior de um contador da
facção.
A suspeita também está foragida no
Complexo do Alemão, conforme as investigações.
Essa parte da facção criminosa também é
composta por namoradas de suspeitos do núcleo operacional e por outros
indivíduos que atuam como "laranjas conscientes" das empresas
utilizadas para lavar dinheiro.
O núcleo de lavagem de dinheiro era
subdividido por cidades, em Cabedelo e Campina Grande.
Na ramificação para Cabedelo quem
comandava era Sedryck Targino, que foi preso durante a operação na terça-feira.
Em Campina Grande, o comando do subnúcleo
era de responsabilidade de Carlos Eduardo, também preso durante a operação.
A atuação dos subnúcleos era basicamente
voltada para a cooptação de laranjas para ser utilizados como fachada em
empresas, além de movimentar quantias milionárias, o que a polícia aponta como
um modus operandi para lavar dinheiro.
A Draco conseguiu identificar essas
movimentações financeiras e como essas pessoas eram utilizadas para mascarar o
dinheiro.
O valor bloqueado durante a operação,
inclusive, foi resultado desse monitoramento, conforme explicou Elton Vinagre,
um dos delegados responsáveis, em entrevista coletiva.
"A gente conseguiu esse
bloqueio de R$ 125 milhões. Vale salientar que a movimentação foi de cerca de 3
vezes mais. (Uso de) empresas de fachada, empresas fantasmas, que só existem no
papel, laranjas. Foram várias mulheres presas, sete ou oito mulheres presas.
São pessoas utilizadas muitas vezes, sem antecedentes criminais, mas são
utilizadas como laranjas, como interpostas pessoas para lavar dinheiro do crime",
afirmou o delegado Helton Vinagre.
O delegado também explicou que os laranjas
utilizados no esquema pelo núcleo de lavagem de dinheiro são parentes para
blindar os principais suspeitos.
"Para se blindarem de
investigação patrimonial, (os membros da facção) cooptavam pessoas, que são ‘laranjas
conscientes’, eles sabiam dessa situação ilícita e emprestavam suas contas para
que esse dinheiro ilícito circulasse", afirmou.
NÚCLEO OPERACIONAL DA FACÇÃO
O núcleo que operacionalizava tanto o
tráfico de drogas e armas, os assassinatos e todos os outros crimes subjacentes
a facção criminosa era atuante principalmente em Cabedelo.
Os chefes, Fatoka, e também o "braço
direito" dele, Flávia, monitoravam o núcleo do Rio de Janeiro utilizando,
inclusive, câmeras de vigilância para monitorar o território e as forças de
segurança.
Foram apontados como chefes do subnúcleo
David Ferreira Costa, conhecido como "Mago David", e também Samuel
Lima, conhecido "Samuel Gordo".
Assim como Fatoka, ambos estão foragidos
no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.
Conforme as investigações, ambos eram
responsáveis por colocar em prática atos de violência orquestrados pelo núcleo
gerencial.
O chefe da organização, Fatoka, participou
de uma fuga em massa de presos da Penitenciária de Segurança Máxima Doutor
Romeu Gonçalves de Abrantes, conhecida como PB1, em 2018.
Ele foi um dos 92 presos que fugiram em
uma rebelião que consistiu na utilização de explosivos para derrubar o portão
principal.
Meses depois da fuga, Fatoka foi
localizado em Alagoas e preso novamente.
No entanto, após a prisão, houve o
relaxamento do cumprimento da pena por parte da Justiça, isso porque ele foi
posto em liberdade para cumprir medidas cautelares, com o uso de tornozeleira
eletrônica.
Conforme a Polícia Civil, ele rompeu a
tornozeleira.
O suspeito também é investigado por ter
apontado pessoas para ocupar cargos públicos.
Quem comanda essas investigações é a
Polícia Federal com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime
Organizado (Gaeco-PB).
(Do g1 PB)
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