quarta-feira, 15 de outubro de 2025

HOMEM CONDENADO COMO EXECUTOR DE TRIPLO HOMICÍDIO É INOCENTADO E SOLTO APÓS 15 ANOS NA PAPUDA

Inocentado por decisão unânime do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Francisco Mairlon Barros Aguiar deixou o presídio da Papuda, em Brasília, na madrugada desta quarta-feira (15/10).
Ele passou 15 anos preso, após ter sido condenado como um dos executores do "Crime da 113 Sul".
Detido em 2010 aos 22 anos de idade, ele volta a ser um homem livre aos 37.
Ele deixou o Complexo Penitenciário da Papuda abraçando a família e escoltado pelos advogados.

Na primeira declaração após deixar o presídio, em entrevista à TV Globo, Mairlon disse estar muito grato à família, aos advogados e aos ministros do STJ que definiram a soltura de forma unânime.
"Não estou nem acreditando, o dia mais feliz da minha vida está sendo hoje. Muita gratidão a todas as pessoas que não desistiram de mim, a ONG Innocence que insistiu, ainda. Família, amigos, não sei nem o que falar."
"É um momento de êxtase que ninguém pode imaginar. Fora os obstáculos, as adversidades que eu tive que passar aqui dentro, ser bastante resiliente com as coisas que aconteceram."
Na decisão desta terça (14), os ministros do STJ determinaram a "soltura imediata" do ex-réu, agora inocentado.
O comunicado foi enviado ao Tribunal de Justiça do DF, que notificou a Vara de Execuções Penais (VEP) para soltar Francisco Mairlon.
Na decisão do STJ, os ministros também trancaram a ação penal e anularam o processo desde o início.
Ou seja: Francisco Mairlon, agora, não é condenado nem réu pelo crime.
A decisão foi tomada com base em um pedido da ONG Innocence Project — organização internacional que busca reparar erros judiciais —, que assumiu a defesa de Mairlon.
Segundo a defesa, os depoimentos que incluíram Francisco Mairlon na cena do crime, dados pelo próprio Mairlon e pelo réu Paulo Cardoso Santana, foram colhidos mediante pressão e intimidação.
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal tinha negado uma revisão do processo e, por isso, o caso passou à análise do STJ.
O Ministério Público do DF pode recorrer da decisão.
A única a falar antes dos votos foi a advogada Dora Cavalcanti, que representa a ONG.
A Innocence Project pede a anulação da condenação e a soltura de Mairlon, que está há quase 15 anos na Papuda.
"Ao longo das 16 mil páginas e dos quatro anos, ao longo dos quais o Innocente Project estudou a condenação definitiva de Francisco Mairlon, o que se pode constatar é que ficou ele esquecido, invisibilizado. Não só na fase pré-processual, como também quando do julgamento de sua apelação", afirmou Dora.
CONDENADOS COMO EXECUTORES
Três homens foram condenados pela execução do crime.
Presos desde novembro de 2010, são eles:
Leonardo Campos Alves: ex-porteiro do prédio onde o casal Villela morava.
Em 2013, foi condenado pelo Tribunal do Júri a 60 anos de prisão;
Paulo Cardoso Santana, sobrinho de Leonardo: em 2016 foi condenado a 62 anos de prisão pelo júri; e
Francisco Mairlon Barros Aguiar: em 2013 foi condenado a 55 anos de prisão, pena reduzida em segunda instância para 47 anos de prisão.
Mairlon morava no Pedregal, município de Novo Gama (GO), quando foi preso pela Polícia Civil de Brasília em novembro de 2010, um ano e três meses após as mortes.
Foram assassinados no caso:
O ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela;
A esposa dele, Maria Villela;
A empregada do casal, Francisca Nascimento da Silva.
As vítimas foram mortas a facadas dentro do apartamento onde moravam, na quadra 113 Sul de Brasília.
Dólares e joias foram levados do apartamento na noite do crime, 28 de agosto de 2009.
(Do g1)

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