Tanto as bebidas adoçadas com açúcar quanto as versões com baixo teor de açúcar ou sem açúcar — como refrigerantes diet e zero — estão associadas a um risco significativamente maior de desenvolver a doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica (MASLD), de acordo com um novo estudo apresentado nesta terça-feira (09/12) na Semana Europeia de Gastroenterologia, em Berlim.
A pesquisa acompanhou 123.788
participantes do UK Biobank que não tinham doença hepática no início do estudo.
O consumo de bebidas foi medido por meio
de questionários alimentares de 24 horas repetidos ao longo do tempo.
Os pesquisadores analisaram a relação
entre a ingestão desses produtos e o desenvolvimento de doença hepática
alcoólica, acúmulo de gordura no fígado e mortalidade relacionada ao órgão.
RISCO ATÉ 60% MAIOR
Os resultados mostram que consumir mais de
250 g por dia de bebidas com baixo teor de açúcar ou sem açúcar (LNSSB)
aumentou em 60% o risco de desenvolver MASLD.
Já as bebidas açucaradas tradicionais
(SSB) elevaram esse risco em 50%.
Durante um acompanhamento médio de 10,3
anos, 1.178 participantes desenvolveram MASLD e 108 morreram por causas
relacionadas ao fígado.
Embora não tenham sido encontradas
associações significativas entre bebidas adoçadas com açúcar e mortalidade, o
consumo de bebidas diet, zero ou versões light também foi ligado a maior risco
de morte relacionada ao fígado.
Ambos os tipos de bebida foram associados
a níveis mais altos de gordura hepática.
A MASLD — antes conhecida como doença
hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) — é caracterizada pelo acúmulo de
gordura no fígado, que pode evoluir para inflamação, dor, fadiga e perda de
apetite.
A condição é hoje a doença hepática
crônica mais comum no mundo e afeta mais de 30% da população global.
“As bebidas açucaradas com baixo
teor de açúcar foram associadas a um risco maior de MASLD, mesmo em níveis
moderados, como uma única lata por dia. Essas descobertas destacam a
necessidade de reconsiderar o papel dessas bebidas na dieta e na saúde do fígado”,
afirmou.
Liu explicou possíveis mecanismos que
podem justificar os resultados.
No caso das bebidas açucaradas, o açúcar
pode provocar picos rápidos de glicose e insulina, favorecer o ganho de peso e
aumentar o ácido úrico — fatores ligados ao acúmulo de gordura no fígado.
Já as bebidas diet poderiam interferir na
microbiota intestinal, alterar a saciedade e até estimular secreção de
insulina, contribuindo para o problema.
ÁGUA REDUZ RISCO; TROCAR DIET POR
NORMAL NÃO AJUDOU
Os autores reforçam que limitar bebidas
açucaradas ou versões com pouco ou nenhum açúcar deve fazer parte de
estratégias de prevenção não apenas de doenças hepáticas, mas também de
condições cardiometabólicas.
Substituir qualquer uma das bebidas por
água reduziu significativamente o risco de doença hepática alcoólica:
12,8% quando a troca foi feita no lugar
das bebidas açucaradas;
15,2% quando substituiu as bebidas de
baixo teor de açúcar.
Já substituir bebidas diet por versões
açucaradas — ou o contrário — não trouxe nenhuma redução de risco.
“A água continua sendo a melhor
opção, pois alivia a sobrecarga metabólica e previne o acúmulo de gordura no
fígado”, disse Liu.
Os pesquisadores agora pretendem
investigar mais profundamente os mecanismos causais por meio de ensaios
randomizados e estudos genéticos de longo prazo, especialmente focados na
interação entre açúcar, adoçantes, microbiota intestinal e saúde hepática.
(Do g1)

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