Os policiais militares que atiraram no suspeito já rendido que acabou morrendo durante uma operação na noite de quinta-feira (10/07), na favela de Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo, não sabiam que a gravação das câmeras corporais estava ativada naquele momento.
A informação foi confirmada pela Polícia
Militar na manhã desta terça-feira (15).
A análise das imagens gravadas foi
fundamental para determinar as prisões de dois dos agentes que participaram da
ação, segundo o coronel Emerson Massera, chefe da comunicação da PM.
"O homem já estava rendido
quando os policiais efetuaram os disparos. (...) A ação dos policiais foi
ilegal", disse.
"A ação começou completamente
legítima. (...) Num determinado momento, esse homem já estava rendido quando os
policiais efetivaram os disparos, sem nada que os justificasse",
afirmou.
Os agentes usavam o modelo novo de câmeras
corporais, em que a gravação tem que ser ativada.
De acordo com o coronel, uma das câmeras
foi acionada por um dos policiais — não se sabe ainda qual —, ativando
automaticamente, via bluetooth, as demais.
O mecanismo de ativação funciona para
todas as câmeras que estiverem em um raio de 20 metros.
O modelo permite que a gravação seja
acionada também pelo Centro de Operações da Polícia Militar (Copom).
"Mais de 90% das ocorrências
atendidas são originadas no Copom, e os policiais já vão para elas com as
câmeras acionadas", afirma Massera.
"O policial não consegue
desligar a câmera se quiser fazer isso."
Nas imagens, é possível ver ao menos três
policiais entrando no quarto onde os suspeitos estavam.
Um dos homens, identificado como Igor
Oliveira de Moraes Santos, aparece de mãos erguidas, em pé, encostado em uma
parede.
Um dos PMs realiza dois disparos contra
ele, que cai no chão. Segundos depois, o policial pede para Igor se levantar.
Enquanto se levanta, o agente faz outro
disparo.
Outro militar também atira em seguida.
Assim que realizam os disparos, os PMs
gritam: "As COP, as COP, as COP".
COP é a sigla para câmeras operacionais
portáteis, ou seja, as câmeras corporais utilizadas nas fardas dos agentes.
As câmeras foram acionadas depois dos
disparos.
Porém, o sistema possui um recurso de
retroação em 90 segundos. Assim, foram registradas as imagens do que ocorreu um
minuto e meio antes do acionamento.
Dessa forma, foi possível analisar o que
as câmeras captaram na hora dos tiros.
Igor Oliveira foi baleado quatro vezes.
Ele não estava armado e já tinha sido
rendido.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública
(SSP) disse que "dois policiais militares foram presos em flagrante por
homicídio doloso, após as imagens das câmeras corporais — utilizadas por todos
os agentes — demonstrarem que eles efetuaram disparos contra um suspeito já
rendido. Outros dois PMs também foram indiciados, por apresentarem versões
incompatíveis com as imagens registradas".
O homicídio doloso (quando há intenção de
matar) será investigado em um inquérito que tem prazo de 20 dias e poderá ser
prorrogado por mais 40 dias.
Ao final da investigação, as imagens das
câmeras corporais serão liberadas.
(Do g1)
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