A Central Estadual de Transplantes
realizou, na tarde da sexta-feira (05/09), um marco histórico para a saúde
pública paraibana: a primeira captação de coração no Sertão, realizada no
Hospital Regional de Patos.
Além do coração, ainda foram doados o
fígado, os rins e as córneas, beneficiando seis pacientes que aguardavam em
lista de espera na Paraíba e em Pernambuco.
O ato, pioneiro na região, marca a
ampliação do serviço da Central Estadual de Transplantes, o aumento no número
das doações de órgãos na Paraíba, e o avanço da saúde no interior do estado.
Até então, procedimentos como este só eram
realizados em Campina Grande e João Pessoa.
A partir da realização de cursos para
qualificação da equipe que formou a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de
Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), em maio de 2024, foi que o serviço
passou a ter a possibilidade de se tornar um centro doador.
Outro fator determinante para sair do eixo
Campina-João Pessoa foi a aquisição de duas aeronaves pelo Governo do Estado,
como explica a diretora da Central, Rafaela Dias.
“A doação de hoje é um marco, que só
foi possível graças a um trabalho dedicado de construção, do que hoje é
realidade. Nós vimos no Regional de Patos o potencial de se transformar em uma
unidade doadora e resolvemos investir, tornando o que era só uma possibilidade
em fato concreto. Mas não fizemos isso sozinhos. O apoio da Secretaria de
Estado da Saúde e do Governo do Estado, com a disponibilização das aeronaves,
foi essencial. Sem essa facilitação não seria viável devido às grandes
distâncias. Hoje estamos começando a colher os frutos,” destacou.
Essa foi a segunda captação registrada no
sertão paraibano.
A primeira ocorreu no último mês de abril,
quando um doador de 24 anos, doou fígado, rins e córneas.
Com esta doação, já são nove corações
doados em 2025 na Paraíba.
A logística de transporte contou com o
apoio da aeronave do Governo da Paraíba, por meio das equipes do Corpo de
Bombeiros e do Grupo de Resgate Aeromédico (Grame), que se deslocaram de João
Pessoa para Patos, e garantiram agilidade na remoção da equipe médica e no
encaminhamento dos órgãos para os centros transplantadores.
A diretora da Central ainda enfatizou a
preparação da equipe e a logística adotada para possibilitar a doação.
“Essa primeira captação de coração
no Sertão mostra a força da nossa rede hospitalar e da solidariedade das
famílias paraibanas, que transformam a dor em amor e salvam muitas vidas.
Também deixo aqui o nosso reconhecimento ao trabalho de todos os profissionais
envolvidos no processo, sendo essenciais para tudo dar certo,”
destacou.
Após o diagnóstico de morte encefálica,
realizado sob rigoroso protocolo adotado pela equipe médica, a família decidiu
pela doação dos órgãos.
O gesto solidário atendeu ao desejo
expresso em vida pela doadora.
“Ela falava que achava isso um
grande gesto de amor ao próximo e ela era uma pessoa tão boa que, certamente,
jamais se negaria a ajudar alguém, por isso decidimos pela doação e, apesar da
imensa tristeza de perder minha mãe, minha parceira de vida, estou feliz em
poder ajudar outras pessoas”, afirmou a filha Maria Vitória.
O irmão da doadora falou sobre a decisão
da família em autorizar a doação.
“A dor é grande, mas maior ainda é a
alegria da gente e vai saber que ela está vivendo no outro corpo de outra
pessoa. A família hoje está muito alegre com isso também,” disse José
Fernandes.
Antes de iniciar a cirurgia, a doadora e
familiares foram homenageados com o ‘cortejo da vida’, um corredor humano
formado entre a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e o centro cirúrgico,
acompanhado de muitos aplausos, em forma de reconhecimento pelo gesto.
Em 2025, já foram contabilizadas 28
doações de múltiplos órgãos e tecidos e 150 transplantes.
Ainda aguardam por uma doação, 817
pessoas.
(SECOM)
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