Setor beneficiado durante o governo de
Jair Bolsonaro (PL) e que vê no ex-presidente um aliado, a indústria de armas e
munições está entre as que mais podem ser afetadas pelas tarifas de 50%
impostas pelo presidente americano Donald Trump contra o Brasil.
Segundo dados do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), os Estados Unidos foram
o destino de 61% das exportações brasileiras de armas e munições em 2024, com
53% dessas vendas partindo do Rio Grande do Sul e 47% de São Paulo.
As tarifas de 50% foram anunciadas por
Trump em 9 de julho e devem passar a valer a partir de 1º de agosto.
O presidente americano citou como motivo
para a taxação o tratamento dado a Bolsonaro pela Justiça brasileira no
processo em que o ex-presidente é acusado de tramar um golpe de Estado.
Antes de ser proibido de usar redes
sociais pelas medidas cautelares impostas por Alexandre de Moraes, Bolsonaro
disse não se alegrar com as tarifas, mas condicionou o fim delas a sua anistia.
"Em havendo harmonia e
independência entre os Poderes nasce o perdão entre os irmãos e, com a anistia
também a paz para a economia", escreveu Bolsonaro, em postagem no
X (antigo Twitter) em 13 de julho.
Maior fabricante de armas de fogo do
Brasil e uma das maiores fornecedoras de pistolas para o mercado americano, a
Taurus Armas afirma que, caso a tarifa seja mantida, poderá transferir toda a
sua operação do Brasil para os EUA.
Segundo o presidente-executivo da empresa,
Salesio Nuhs, isso resultaria na perda de até 15 mil empregos no Rio Grande do
Sul, sendo 3 mil deles diretos, gerados pela fábrica da companhia no município
de São Leopoldo (RS).
"Se realmente perdurar essa questão
da taxação de 50%, várias empresas e vários segmentos no Brasil ficarão
inviabilizados. Ela não significa simplesmente diminuir
margem. Significa inviabilidade total. Não existe margem que possa cobrir uma
taxação de 50%", afirmou Nuhs, em entrevista ao programa Tá na Hora, do
site jornalístico local Berlinda.
"A nossa maior preocupação é a
falta de habilidade do governo brasileiro em negociar essa situação com os
Estados Unidos", disse Nohls.
"Essa falta de habilidade está
trazendo uma insegurança jurídica muito grande para os empresários do Brasil e
uma insegurança para o trabalhador, que pode perder seu emprego simplesmente
porque o governo não conseguiu negociar", completou.
O MERCADO BRASILEIRO DE ARMAS E OS
EUA
No ano passado, o Brasil exportou US$ 528
milhões (R$ 2,9 bilhões) em armas, munições, suas partes e acessórios para 85
países.
Desse total, US$ 324 milhões resultaram
das exportações para os Estados Unidos, que representam 61,3% das vendas
externas do setor, seguidos de longe pelos Emirados Árabes Unidos (5,3%),
Holanda (4,7%), Reino Unido (2,4%) e Burkina Faso (2,4%).
A elevada participação dos EUA nas
exportações brasileiras de armas e munições faz do setor, o terceiro mais
dependente do mercado americano para suas vendas externas, atrás apenas do
segmento de materiais de construção como pedra, gesso, cimento e amianto
(65,4%) e do setor de aeronaves e aparelhos espaciais (61,7%), onde atua a
Embraer.
A Taurus é a principal exportadora
brasileira de armas.
Em 2024, de cada 100 armas vendidas pela
fabricante gaúcha, 87 foram comercializadas no mercado americano.
Com isso, as vendas para os EUA
representaram 83% da receita líquida da companhia em 2024.
(Da BBC)
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