O paraibano Thiago Paulo Bulhões, de 25
anos, morreu em um combate na guerra da Ucrânia no sábado (04/10).
A confirmação foi feita ao g1 pela mãe
dele, Elidiane Bulhões. Thiago tinha deixado o Brasil no mês de junho.
Thiago morava com os pais em Santa Rita,
Região Metropolitana de João Pessoa, e trabalhava em uma escolinha de futebol.
Ele deixa duas filhas, de 4 e 7 anos.
Segundo Elidiane, o filho conheceu um
grupo de pessoas pelas redes sociais.
A mãe conta que essas pessoas falavam
sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia e o filho decidiu entrar no grupo,
mesmo sem o apoio da família.
“Ele conheceu uma pessoa, fez
amizade com esse grupo e decidiu ir. Ele se trancava no quarto e passava muito
tempo falando com esse povo [no celular]. Até então, a gente não sabe as
promessas que esse povo fez para esses jovens irem para um lugar desse. Na
realidade, o meu filho tinha amor. A família deu muito conselho para ele não
ir, mas foi decisão dele”, disse Elidiane.
A última conversa entre mãe e filho foi no
sábado (04), poucas horas antes do combate.
Thiago pediu que a mãe acompanhasse suas
publicações e mensagens pelas redes sociais, já que o sinal na região era ruim.
“A última coisa que ele falou pra
mim foi: ‘mãe, fique só ligada no Instagram’. Isso foi no sábado. Foi horrível,
um pedaço de mim que foi embora. Infelizmente, meu filho comprou uma briga que
não é dele, mas era o sonho dele".
A mãe do paraibano ainda afirma que o
filho dizia não ter mais interesse em voltar ao Brasil e desejava permanecer na
Europa. Segundo ela, a ideia de Thiago era viajar e conseguir outras
oportunidades de emprego após a guerra.
"Ele não tinha vontade de
voltar, queria trabalhar lá. Todas as conversas, sempre meu filho era feliz. Eu
perguntei 'você quer voltar pra cá? ' Ele falou para mim: 'Não, mãe. Eu não
quero voltar, eu tô fazendo o que eu amo, ajudando as pessoas que mais precisam.
Esse era o meu filho", contou.
De acordo com Elidiane, Thiago recebia
cerca de R$ 25 mil pelo trabalho na linha de frente, mas dizia que o dinheiro
não era o motivo principal.
“Meu filho sempre quis ajudar as
pessoas. Ele dizia que ia defender a cidade”, disse.
A mãe de Thiago disse que o corpo do jovem
será cremado e as cinzas enviadas para ela, junto com os pertences, mas ainda
não há previsão de quando isso acontecerá.
O QUE DIZEM A EMBAIXADA DA UCRÂNIA
E O ITAMARATY
Em setembro, a Embaixada da Ucrânia no
Brasil declarou ao Jornal Nacional que “não recruta cidadãos brasileiros
para as Forças Armadas da Ucrânia” e que, “em todos os casos
conhecidos, cidadãos brasileiros chegaram à Ucrânia de forma independente e por
livre e espontânea vontade”.
O g1 procurou o Ministério das Relações
Exteriores, que informou que, por meio da Embaixada do Brasil em Kiev, presta
assistência consular às famílias e não confirmou a morte do paraibano.
O órgão reforçou que o atendimento é feito
a partir do contato dos familiares e que, por questões de privacidade, não
divulga informações pessoais.
Além disso, em setembro, o Ministério
também divulgou um alerta sobre brasileiros em conflitos armados, reforçando
que "recomenda fortemente que propostas de trabalho para fins
militares sejam recusadas" e que "a assistência
consular, nesses casos, pode ser severamente limitada pelos termos dos
contratos assinados entre os voluntários e as forças armadas de terceiros
países”.
(por g1 PB)
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