A denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) que resultou na megaoperação da última terça-feira (28/10), nos complexos da Penha e do Alemão, revelou como mensagens de WhatsApp e vídeos de drones foram usados para comprovar a estrutura e o funcionamento do Comando Vermelho (CV) na capital fluminense.
A ação com 121 mortos - entre eles, 4
policiais.
O documento do Grupo de Atuação
Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), elaborado a partir
de uma investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), acusa 69
pessoas de associação para o tráfico de drogas e descreve um organograma da
facção com funções definidas para cada integrante.
Segundo a investigação, Edgar Alves de
Andrade, o Doca ou Urso, é apontado como principal liderança do CV no Complexo
da Penha e em comunidades como Gardênia Azul, Cesar Maia, Juramento, Quitungo e
Alemão — algumas delas recentemente tomadas de grupos paramilitares.
Ele conseguiu escapar da megaoperação da
última terça e segue foragido.
Doca teria sob seu comando uma cadeia
hierárquica rígida, com ordens diretas e punições severas a quem desobedecesse
às determinações.
CHEFES DO CV USAM GRUPO DE
APLICATIVO PARA DETERMINAR TORTURAS
Por conta de seu papel de liderança, Doca
tem sua residência fortemente vigiada por seguranças armados de fuzis, como
mostram imagens que constam no relatório final da DRE.
Ao lado de Doca, no 1º escalão, estão
Pedro Paulo Guedes, o Pedro Bala, e Carlos Costa Neves, o Gardenal, apontados
como gerentes-gerais do tráfico na região.
Washington Cesar Braga da Silva, o
Grandão, também aparece entre os homens de confiança de Doca.
Em mensagens interceptadas pelos
investigadores, Grandão adverte os demais integrantes do grupo sobre a
necessidade de autorização para execuções.
“Bagulho não é com nós. Vamos monitorar
apenas, meus amigos. Ninguém dá tiro sem ordem do Doca ou do Bala. Vamos pegar
a visão”, diz um dos trechos reproduzidos na denúncia.
A denúncia também afirma que, além de
gerente geral, Gardenal também é responsável por liderar a expansão violenta e
criminosa do Comando Vermelho na região da Grande Jacarepaguá, em conjunto com
Doca e Juan Breno Malta Ramos, o BMW.
Numa troca de mensagens com Grandão,
Gardenal discute a utilização de drones contra as forças de segurança.
Gardenal: “A gente tem que
se adequar à tecnologia, entendeu?”
Grandão: “O meu não é
noturno.”
Gardenal: “É, o BX vai
comprar o noturno. Estamos esperando aí comprar.”
Grandão: “O meu não é
noturno, não, cara. Nós temos que comprar o noturno.”
Durante a operação, os traficantes do
Comando Vermelho usaram um drone para jogar bombas contra os policiais.
ORDENS PARA TORTURAS
Segundo a denúncia do MP, Doca, Gardenal e
Grandão utilizam os grupos de WhatsApp para emitir ordens de caráter geral, que
variam da prática de torturas a moradores e orientações sobre comercialização
de drogas à definição das escalas de plantões nas “bocas de fumo” (venda),
“pontos de visão” (monitoramento) e “pontos de contenção” (segurança armada).
Nos grupos também são tratados outros
temas como veículos roubados, monitoramento de viaturas policiais,
contabilidade das vendas de drogas e até execução de indivíduos que contrariem
seus interesses criminosos.
Numa conversa por WhatsApp, Gardenal
determina a execução de um “vapor” (o responsável pela venda de drogas) por ele
estar “perdendo” carregamento da mercadoria ilícita.
Gardenal: “O vapor mais
derramado, o gerente nós vai matar agora na frente de geral. Se o Bacurau
aparecer, nós vamos mandar geral brotar aqui, o gerente vai executar ele na
frente de geral.”
A polícia também descobriu que Gardenal
mantinha um chat privado em uma 2ª linha telefônica, que funcionava como backup
de mensagens.
Nele, envia seus contatos telefônicos e
encaminha fotografias de diversos veículos roubados, com sua autorização.
As fotos de veículos constam também em
chats privados com os ladrões de carros, onde eles oferecem os veículos para
Gardenal por valores muito abaixo do mercado.
(Por g1 RJ)
 

 
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.